Friday, December 28, 2007

Nada a declarar

Caso você não tenha nada para fazer, leia:
Antes de mais nada, queria ressaltar que do nada me veio uma idéia de escrever sobre o nada. Gostaria de deixar bem claro que não me inspirei em absolutamente nada para elaborar esse meu texto. Eu sei que nada é por acaso, e por acaso também sei que o que acabei de escrever não tem nada a ver com o que vou continuar escrevendo.Mas enfim, como não tinha nada para fazer resolvi começar a escrever sobre o nada.Eu sei que isso não vai me levar a nada, mas não custa nada tentar. Eu sei que não tem nada a ver ficar falando sobre o nada, mas também sei que nada me impede de falar sobre o nada, ainda mais quando não tenho nada para fazer; e não há nada nesse mundo que vai conseguir me tirar essa vontade nada comum de deixar tudo para depois só para falar agora sobre o nada.Eu sei que você não tem nada a ver com isso, mas veja bem, eu gostaria de escrever sobre o nada sabendo que você não sabe nada sobre nada. Caso saiba algo sobre o nada , saiba que em nada isso vai me ajudar, já que : de que adianta saber tudo quando se pretende escrever sobre o nada ?
“Tudo que sei é que nada sei”, essa sabedoria socratiana não deve ter surgido do nada, eu já sei de tudo isso, e digo mais: não vale nada ficar tentando teorizar sobre o nada se o nada , em si, não é nada além de uma convenção para definir tudo o que não conseguimos explicar. Adão e Eva surgiram do nada. Mas o que é o nada ? Viemos do nada e nem sabemos o que é o nada. Isso só prova que nós,realmente (e até mesmo utopicamente),não somos nada. Não sabemos nada sobre nós e ao mesmo tempo acreditamos que do nada surgiu tudo ! Se você tentar definir o nada , ele vai deixar de ser nada e passar a ser algo, mesmo que esse algo não represente nada para você.
Caso você não tenha entendido nada, saiba que não era nada disso que eu pretendia fazer quando decidi começar a escrever do nada sobre o nada. Minha intenção nunca foi te confundir – nada disso ! – muito pelo contrário, sempre quis que você soubesse quase tudo sobre o nada. Contudo, o nada não é nada e não existe nada de mais valioso que reconhecer e descobrir no meio disso tudo que a gente apesar de tudo, não sabe nada.Espero ter dito tudo sobre o nada e que nada tenha faltado. Do nada, percebi que escrevi tanto e não falei nada. Pelo visto esse texto não serviu pra nada.
-Pedro, obrigado pelo texto
- de nada !

Friday, November 16, 2007

O mosquito alegre

[...]Os mosquitos não me deixaram dormir. O calor não foi o maior incômodo. Os mosquitos não me deixaram dormir. Fiquei sentado, na beira da cama e sem você. Os mosquitos não me deixaram dormir. Era mês de maio, era dia vinte e seis. Os mosquitos não me deixaram dormir. Levantei. Fui ver pela janela menor se, lá fora, ainda havia alguma coisa viva e móvel. Nada se movia. Nada mais me comovia. Nada parecia vivo. Nada mais me convivia. Aqui dentro, os mosquitos se moviam; os mosquitos eram vivos, bem vivos; os mosquitos até se comoviam com a minha incapacidade de afastá-los e conviviam comigo como se fossem meus mais íntimos amigos íntimos – confesso que devo confessar que eles tinham, até certo ponto, certa razão.[...]

Sunday, November 11, 2007

Incômodo silêncio

[...]Posso não ter falado nada. Era tudo o que eu queria falar. Palavras, às vezes, não são necessárias. Palavras, às vezes, só servem para ter algo a dizer quando não se tem nada a dizer. Não me sinto nem nunca me senti na obrigação de sempre ter algo pra falar. Meu silêncio é minha melhor palavra. Não tem som, mas faz barulho. Não tem som, mas te incomoda. Eu sei que te incomoda. Eu sei que você precisa se alimentar de palavras bonitas pra se sentir a mais bonita de todas as criaturas bonitas. Querida, às vezes, as palavras não são necessárias.[...]

Saturday, November 10, 2007

Ontem [trecho]

[...] Ontem ainda se ouvia os pássaros. Os pássaros que traziam uma falsa impressão que o dia amanheceu feliz. A chuva contraria os pássaros. A chuva me obriga a não gostar do dia. A chuva me obriga a não sorrir. A chuva me obriga a não ficar acordado. A chuva me obriga a dormir. Dormir é fugir da chuva. Dormir é quando fujo de você. Será você a chuva? [...]

Friday, November 09, 2007

Pertence [trecho]

[...]Eu me enganei. Achei que teríamos uma casa, um jardim, um cão, dois gatos e um filho. Vejo que não temos nada além de um fim forçado – um fim necessário. Quando os sonhos não conseguem mais acompanhar a realidade, é melhor terminar. A realidade estraga os sonhos. É o que os Homens chamam de fim. A realidade, é que você estragou os meus sonhos. Por isso achei melhor terminar. Por isso achei melhor te evitar. Por isso achei melhor não te enganar e confessar que eu me enganei[...]

Thursday, November 08, 2007

Cartas à Bárbara [trecho]

[...]Eu sei que nunca serei lido pelos seus olhos. Por isso me tranco nessa ilusão. Essa ilusão que é minha. Essa ilusão que me traz num piscar de pupilas tudo o que eu desejar, imaginar, exigir e esperar. Quando digo Tudo, me esqueço de você. Nem a mais otimista das minhas ilusões consegue trazer você de volta [...]
(em breve, o texto inteiro estará disponível)

Monday, November 05, 2007

A Estátua (trecho)

A distância me deixa mais tranqüilo. Sei que você não vai me incomodar, sei que você não vai me questionar, sei que você não vai me julgar, sei que você não vai descobrir se fumo ou não, se bebo ou não, se trepo ou não, se falo ou não...
Mantenha essa distância. É minha segurança.
A proximidade muitas vezes estraga o que a distância preserva. Infelizmente, devo admitir que um dos grandes motivos do fracasso dos amantes é justamente essa necessidade de se estar junto. É contraditório, mas, pensando bem, é real. O amor força um encontro. Um encontro força um desgaste. Um desgaste força uma briga. Uma briga força um afastamento. Um afastamento força uma dor. Uma dor força um novo encontro. Um novo encontro força um novo desgaste, um novo desgaste força uma nova briga, uma nova briga força um novo afastamento, um novo afastamento força uma nova dor, uma nova dor força um novo encontro novamente....é assim gira esse ciclo apaixonante - pra não dizer: cruel.
[ trecho de um texto meu chamado "A estátua" - em breve postarei por aqui]

Sunday, November 04, 2007

Sonhos vêm e vão, olhos vêem em vão.
Amores vêm e vão, amantes vêem em vão.

Pode acreditar: amar é não deixar o amor te dominar.

Friday, November 02, 2007

Absinto-muito

Ela queria que eu criasse um mundo, mas esse mundo já existia.Ela fazia do meu corpo um labirinto onde a entrada não levaria pra longe.Ela pedia pr´eu não seduzir qualquer pessoa que me visse só por fora. Ela fazia do meu corpo um labirinto onde a saída não teria segurança. Ela sabia me pintar de ouro e me banhar nas águas claras. É claro, eu agradecia. As fantasias sempre são as mesmas você no chão e eu ascendendo as velas.Ela podia me controlar, eu sei, e transformar os meus vinte anos em dias comuns. Ela insistia pr´eu vender o sonho de ser estrela nesse céu escuro, mas o sucesso só alcança quem não acorda. Absinto-muito.
(texto/música antigo. Foi em 2003, resgatei agora. É sempre bom resgatar o que está quase esquecido).

Tuesday, October 30, 2007

Dispensa comentada

Era tarde. As drogas me fizeram dormir. E meu amor, ainda me amando, dispensa meus comentários. Não digo nada e começo a sonhar.Não vou comentar meu sonho. Meu amor dispensa meus comentários.
Era cedo. Os ratos vieram me acordar. E meu amor, já não me amando, comenta minhas dispensas. Não sonho nada e começo a dizer: “Não vou dispensar meu sonho. Meu amor comenta minhas dispensas”.
(Comentário à parte : Nunca é cedo demais para se comentar uma dispensa).

Saturday, October 20, 2007

Uma nova cidade de um velho mundo

Foi como se não houvesse alegria no quarto vazio do tamanho da vida onde a doce menina vivia escondida enquanto, lá fora, o mundo morria.Foi como se não houvesse alegria no quarto vazio do tamanho da vida onde a doce menina dormia escondida enquanto, lá fora, o mundo queria:
Que todos soubessem que essa menina também tinha sonhos não só de meninas; também tinha traços de boa-menina; também cria laços com outras meninas; também tinha braços e pernas cumpridas; também tinha amado bem mais que devia; também tinha gasto o que não merecia e agora requer, de novo, alegria...
Será que ela fez uma nova poesia? Será que ela quis de novo ser quista? Será que entupiu o ralo de rima? Será que não viu que também era vista? Será que ela deu uma velha notícia? Será que não quis de novo ser minha? Será que ouviu o que não poderia? Será que não viu as mortes em vida?
Foi como se só houvesse alegria no quarto vazio menor do que a vida onde aquela vadia morria sozinha enquanto, lá fora, um mundo nascia.

Sunday, October 14, 2007

Só não se esqueça que acabou...

Diz. É seu direito falar. Peça desculpas milhões de vezes, mostre arrependimentos sempre que puder, mande flores vermelhas e bonitas quando preciso for, escreva cartões entupidos de corações rosa e bregas – eu vou rir, mas, sem dúvida, vou gostar. Diz. É seu direito falar, só não se esqueça que acabou...

Continua dizendo. É seu dever falar. Encontre os motivos mais bobos, pense nos absurdos mais simples que você cometeu, esconda sem vergonha a vergonha e o vazio que te preenchem agora, evite revelações desnecessárias, ligue quantas vezes for preciso – prometo atender sempre essas recém-inúteis ligações. Antes eu amava te atender, hoje já nem ligo tanto. Continua dizendo. É seu dever falar, só não se esqueça que acabou...

Erre. É seu direito falhar. Todos nós temos nossas doses diárias de erros permitidos. Saiba que, hoje, escuto com bastante atenção todos os teus “eu te amos”; dou-te todos os perdões que você precisar; aceito os seus arrependimentos e, ao mesmo tempo, me arrependo por você ter se arrependido tão tarde; guardo todas as flores, todos os cartões, todas as suas falas, todas as suas revelações, todas as suas vergonhas, todas as suas bobagens, todos os seus absurdos, todos os seus motivos, mas entenda que acabou.

Adeus. É meu direito partir. Ah Deus, é meu dever partir!

Viva em paz com todos os meus adeuses e, por favor, não comece a chorar agora que acabou.

Monday, October 01, 2007

Palmos

Sob os seus pés ainda reina um amor: um amor que não anda, um amor que desanda, um amor que comanda, um amor que é sem cura e se entrega doente - pra quê ?
Sob os seus pés ainda reina um amor: um amor só de mágoa, um amor que deságoa, um amor que é de tédio, um amor que é remédio e se esfrega doente - em quê ?
Sob os seus pés ainda resta um amor: um amor que não ama e não sabe porquê, um amor que não bebe e não sabe porquê, um amor que não sonha e não sabe porquê , o amor que se espelha só não sabe em quê.
Sob os teus pés ainda resta:
Um amor desprezado, um amor maltratado, um amor programado, um amor descuidado, um amor assustado, um amor assombrado, um amor não-amado, um amor inventado, um amor encontrado, um amor não-achado, um amor refinado, um amor dominado, um amor enrugado, um amor lamentado, um amor enganado, um amor engraçado, um amor desgraçado, um amor afinado, um amor afetado, um amor infetado, um amor emprestado, um amor alugado, um amor tão comprado, um amor acordado, um amor já deitado, um amor propagado, um amor desligado, um amor colocado, um amor disputado, um amor envocado, um amor enterrado, um amor mutilado, um amor protestado, um amor importado, um amor sublimado, um amor abismado, um amor editado, um amor complicado, um amor confiscado, um amor apagado, um amor animado, um amor enrolado, um amor contemplado, um amor sufocado, um amor deflorado, um amor repensado, um amor penetrado , um amor enlatado, um amor machucado, um amor cobiçado, um amor predicado, um amor delicado, um amor acertado, um amor todo errado, um amor bem dosado, um amor debochado, um amor redobrado, um amor desolado, um amor avisado, um amor reciclado, um amor enfeitado, um amor amputado, um amor rejeitado, um amor pendurado, um amor empregado, um amor procurado, um amor alterado, um amor ao teu lado, um amor decorado, um amor disfarçado, um amor contestado, um amor revelado, um amor afastado, um amor terminado.

Saturday, September 15, 2007

23h10

"Sei que não há nada de mais raso que o nosso amor
Sei também que nada irá se colocar aos nossos pés"
Ela nunca foi amada, mas já se declarou amante das histórias de amor que não vivenciou. Ela é programada a não se interessar: pela madrugada, mesmo iluminada, pela liberdade menos alcançada, pelas confissões má-intencionadas, pelas confusões sempre equivocadas, pelas orações que não levam à nada, pela solidão por ela provocada, pela perdição nunca encontrada, pela rendição tão bem planejada, pelo seu perdão pelas mil facadas...
Foi acostumada à sempre se esconder, à nunca dar risada, à nem sequer sonhar com as coisas mais banais, com os homens mais bonitos, com as dobras do infinito e as sobras do Paraíso.

Essa é a doce Bárbara que se encanta quando se perde e quando se acha nos quatro cantos desse mar confuso e salgado.

Saturday, September 01, 2007

É

É.
Você me deu a força que eu não precisava, o sorriso que eu não achei graça, uma palavra de conforto na hora errada e um poema que não tem rimas.
É.
Você me deu as delícias que não me agradam, as flores que eu nunca gostei , os doces que eu não costumo comer, as bebidas que eu deixei de beber e mais algumas coisas inúteis.
É.
Você me deu o amor que eu não entendi, a explicação que eu tentei encontrar, o encontro que eu não procurei e a procura que eu fiz questão de não achar.
É.
Bem que você me avisou que por mais que passamos uma vida inteira tentando entender o que agrada o outro, nunca saberemos exatamente como agradar. Agrade-se apenas, o prazer do outro é consequência do seu. As coisas são. Tudo é. Apenas é - Não É ?

Tuesday, August 28, 2007

A mágoa e o magoado

O magoado – Sabe, eu nunca quis me colocar no seu lugar e sentir a sua dor.Admito, porém, ter tentado conversar diversas vezes para que você não absorvesse sozinha essa dor como se fosse uma dor só sua; e assim, mais tarde, num dia de raiva, você esquecer dos outros e penetrá-los como se eles fossem você – mas não são ! Eles são Homens, assim como eu, e justamente por essa fatalidade, eles não agüentam tamanha proporção de dor, como você – querida mágoa.Pense.Aliás sempre achei uma atitude meio egoísta sentir a dor sozinho.Se o amor é compartilhado com tantos, a dor não pode ser compartilhada apenas consigo mesmo. Você não acha?Não estou lhe pedindo para dividir a SUA dor comigo. Estou só querendo escutá-la por vontade própria, posso? É bom, eu juro, você vai ver – nem machuca! E faz um bem enorme...
A mágoa – Entendo a sua preocupação, querido. Mas já me acostumei a me sentir sozinha.Estou até começando a gostar dessa solidão pré-destinada. Se eu me recolho no meu canto todos os dias não é de forma alguma por egoísmo, é apenas a forma mais justa que encontrei para descarregar a minha dor afim de evitar que ela atinja mais pessoas ao meu redor.Sabe, meio que me apaixonei por tudo o que não me traz alegria.É triste, eu sei. Pode incomodar você, mas eu amo a tristeza e tudo o que me aproxima dela.Acho que todos deveriam deixar a dor doer um pouco.
O magoado – Concordo com você “Todos deveriam deixar a dor doer um pouco”. Um pouco! Você disse bem, não podemos nos acostumar com o sofrer porque senão passamos a sentir prazer nisso. O Homem se apaixona por tudo o que ele se acostuma.O ser-humano é assim, ser humano é ser assim querida. Quando ele ama, ele reclama. Quando sente dor, ele diz que é por culpa do amor. E quando não sente nada, acha que está morto, e quando está morto, diz que sente saudade da vida e do tempo em que a dor doía. Querida mágoa, eu sei que vai doer, mas ninguém merece você. Ninguém merece você.
A mágoa – Olha, eu já fiz muita gente chorar, já deixei muitos casais distantes e já pus um fim em inúmeras relações. Mas nenhum desses fatos foram feitos por mal. É apenas a minha única maneira de me manter viva. Eu vivo para causar lágrimas. Sou um sentimento criado: meu pai é o sofrer, minha mãe é a dor, minha irmãs são as lástimas. Sou um pouco de tudo isso e ao mesmo tempo posso ser muito mais.Nunca duvide das minhas capacidades, menino magoado, nunca. Quando tudo parece se consolar, se encaminhar de novo para um mar calmo e sereno e tranqüilo; eu volto a agir – volto a dizer que não é por mal – é minha condição, eu machuco por sobrevivência, não consigo ver ninguém feliz.
O magoado – Se você não consegue ver ninguém feliz é porque você nunca quis ser feliz ou ,no mínimo, nunca sentiu tal sensação. Você sempre se aproveitou dos sentimentos alheios para procriar. Eu sei que você não faz nada disso por mal, até porque você é feita de mal, você faz isso por você.Volto a dizer: EGOISTA! Eu sempre te avisei que seria melhor dividir a sua dor comigo e não espalhá-la pelos corpos dos Homens que ainda sentem algo – coisa rara! O ser-humano apossado de coração é uma espécie em extinção.
A mágoa – E eu sou um sentimento em evolução.
O magoado – Tire essa mágoa de dentro de você !
A mágoa – Porque ? não posso ! É como se você me pedisse para tirar minha vida de mim. Se eu pedisse a sua vida em troca de um sentimento, você a daria ?
O magoado – ...

Saturday, August 25, 2007

Amar é achar

Não me faça gostar de tudo o que eu desgosto em você, isso só vai me fazer deixar de gostá-la como acho que sempre gostei e que , sinceramente, acho que pretendo continuar gostando o tempo que eu achar necessário. Digo “acho que sempre gostei” porque no amor a gente sempre acha. Sempre achei que o verbo “amar” tivesse o mesmo significado que “achar”. Sempre achei mais sincero dizer “eu te acho” ao invés de “eu te amo”. E , no fundo, no fundo, a gente não ama a pessoa amada, a gente ama o fato de ter achado essa pessoa ou o fato de achar que está amando.
Numa relação, por exemplo, a gente sempre acha que o outro gosta de tomar café com leite no café da manhã, depois descobre que ele só bebe café com leite no café da manhã por agrado. E que na verdade, ele não gosta de café, muito menos de leite e pior: odeia acordar cedo para tomar café da manhã. A gente sempre acha que o outro adora aquele filme francês em preto e branco e dublado, e depois a gente percebe que o filme da vida do outro é cheio de efeitos especiais ultramodernos e pior : legendado. E tem mais : a gente acaba descobrindo que o outro também não gosta muito de filme francês.Eu acho que nenhum lúcido em sã consciência continuaria junto se não fosse pela sensação de um achar que é amado pelo outro e o outro achar que é amado pelo um. A gente sempre acha que o outro gosta de tudo o que a gente gosta, sem saber que , no fundo , para o outro, a gente é o outro. Ou seja, “a gente” e “ o outro”, na verdade, são duas pessoas que acham que a relação vai bem por um achar que o outro acha que o outro está bem por achar que o outro está bem.
Estou meio perdido. Mas acho que estou no caminho certo, enfim, eu acho.
Por falar em “achar”, acho que eu me atrasei um pouco no nosso primeiro encontro; mas eu tenho os meus motivos. É que eu não quero te acostumar com os meus bons modos,por isso achei melhor me atrasar, para você não se acostumar a ser sempre encontrada na hora certa, no lugar marcado.Eu amo o inesperado. Acho que ainda não estou pronto para te encarar todos os dias, nem com hora marcada.Mas voltando ao nosso primeiro encontro: É tão engraçado, uma pessoa achar que se atrasou num encontro, você não acha ? Afinal um encontro é para gente se achar e não achar que a gente se encontrou ou achar que se atrasou. Reparem na força do verbo “achar”. Ele pode ser tanto uma certeza ( eu te achei ), quanto uma dúvida (eu acho que eu me atrasei). Acho que o amor segue a mesma lógica ( se é que se pode dizer que o amor segue algumalógica !), é um sentimento que altera certezas e dúvidas. Por isso sempre achei mais sincero usar o verbo “achar” no lugar de “amar”.Por isso também, meu amor, por mais que você não se encontre, eu te acho.

Wednesday, August 22, 2007

O amor é o clichê do óbvio

Perguntaram sobre nós. Eram quase uma e meia da manhã. Obviamente, não optiveram resposta. Não sou de falar sobre o óbvio. Nós somos óbvios. Te conheci de uma maneira óbvia, nos abraçamos de uma forma óbvia, nosso primeiro beijo foi o mais óbvio de todos e todas aquelas parafernalhas de uma relação óbvia - flores vermelhas (obviamente de plástico) , cartões com mensagens óbvias no estilo "você é tudo para mim" ou ainda "não sei viver sem ter você", telefonemas nas horas mais óbvias possíveis ( entre 22h e 3 da manhã) e aquelas incontáveis ameaças de suicídio de um abandonar o outro - só contribuiram para nos tornar cada vez mais óbvios.
Ontem, sonhei com você - é óbvio ! - um sonho onde nós dois aparecíamos trajados com roupas óbvias, discursávamos sobre temas óbvios do cotidiano, ríamos como dois óbvios felizes, achávamos que seríamos eternamente apaixonados e viveríamos felizes para sempre. Nunca ri tanto de tanta coisa óbvia junta. É óbvio que você me acompanhou nessa risada e fomos para cama.Lá pelas tantas, não sendo nem um pouco óbvia, você me pediu para descrever o que eu sentia por você. É óbvio que era amor, mas, obviamente, não tive coragem de falar. Inventei meia dúzia de blablablas e alguns "porquê´s" e "sei lá´s" e acordei, chorando.
Questionaram a durabilidade do nosso caso. Por acaso, eu também me questionei um bom tempo sobre isso e não me respondi. Não achei uma resposta que me satisfizesse. Disseram, ainda, que o amor é o clichê do óbvio.Obviamente, concordei sem concordar. Abaixei a cabeça como quem ainda tem coragem de amar sem ser óbvio e encontrei no meu mais íntimo silêncio uma forma indolor de gritar que ainda dói.
Não gosto de falar sobre o óbvio. Nós somos óbvios.

Saturday, August 11, 2007

Sem título

Existem duas coisas em você que me fascinam: a distância e o que você não diz.

Monday, August 06, 2007

Os marinheiros mudos

Falaram dos homens que buscam nas dunas mulheres de areia, mulheres sereias, mulheres melhores do que aquelas só feitas de pó. Trouxeram a Verdade em caixas fechadas, encheram as bocas de fumo e mentiras e soltaram a voz, insultaram o nosso amor.Falaram dos fatos, dos atos, dos ratos, dos altos e baixos por baixo dos danos e os panos ficaram molhados de sangue e suor. As brigas, as broncas, batidas e drogas ingeridas nas muitas bebidas obrigam as brancas a abrigarem os outros.Falaram dos porcos espertos dos portos que importam e exportam doenças saudáveis na carne, nos ossos e nos nossos enormes tonéis.
E os nossos caminhos foram afogados.
E o nosso domínio já foi dominado.
E a nossa vantagem não é mais vantagem: estamos no meio de um mar sem fim.

Sunday, August 05, 2007

Ele e ele

- Um momento e dois cafés, por favor.
Ele começa a conversa anunciando um fim:
- Amanhã a gente termina.
- Termina ?
- É. Termina o caso, termina o sexo, termina o amor, termina a pintura da parede da sala , termina de ler o jornal, termina de escovar os dentes, termina de pendurar as toalhas molhadas, termina de tomar o café da manhã, termina o almoço, termina o jantar, termina de lavar a louça, termina de secar os pratos, os garfos, as facas, termina o poema...termina...termina.
- Tá, então tá, né ?!
- É, pois é...
- É..
E um rapaz gentil e prestativo - sem dúvida um dos garçons desse boteco escondido - interrompe a profunda conversa que ele havia começado e estabelecido com ele mesmo:
- Senhor, deseja mais alguma coisa ?
- não. E o Senhor?
- não, também não.
- Então tá né.
- Pois é...
- A conta e o cinzeiro, por favor.
Uma palavra vale mais do que mil imagens.

Friday, August 03, 2007

Hoje Bárbara

Hoje Bárbara foi dormir mais cedo, buscou na noite os velhos sonhos e um novo enredo. Sorriu para o nada, mas de nada serviu - hoje ela serve àqueles que sempre cuspiu. Deitou na cama como se ainda fosse uma pequena criança, cobriu seu corpo dos pés até onde alcança e se escondeu por debaixo dos sonhos como se o medo não soubesse alcançá-los.
Bárbara é um objeto de desejo.
Bárbara é um dejeto de saudade.
Bárbara é um deserto que não vejo.
Bárbara é um pouco estranha e muito bonita - não sabe se bebe, não sabe se dança, fuma bastante com bastante cautela e traz para perto tudo o que não é ela. Hoje Bárbara não quis falar com Deus. Hoje Bárbara não quis que Deus falasse com ela. Hoje Bárbara apenas quis se querer como há muito não podia poder.
Bárbara é um dejeto de desejo.
Bárbara é um objeto de saudade.
Bárbara é um caminho que não vejo por onde passam amores, bichos e máquinas; por onde passam odores, bichas e sábados que não param, que não param, que não param...
Bárbara concluiu que no fim é melhor estar só do que só estar fingindo e inventando formas de estar ao lado de amores que, no fim, também ficarão sós.

Tuesday, July 24, 2007

Número divino

Um, deus, três,
é tão bom sempre poder contar com Dois.

Saturday, July 21, 2007

Amorfa

Ao tentar transformar tudo o que ela tinha em agonia já se via, desde cedo, que não havia nada de mais nessa menina.Dos cabelos aos pés, nenhum destaque se destacava.Ela cavava com as próprias unhas a trajetória da sua própria vida já definida pelas linhas da palma da sua mão esquerda – aquela que nunca teve uma aliança.Agora é tarde, o que se vê é um jamais visto: o destino de uma menina pré-destinada a não ter destino.

E ela continuava cavando. Cavava cada vez mais fundo e não cansava e cavava mais e mais e mais. Ela queria enterrar seus medos, seus amores, seus temores. No fundo, no fundo, ela prentendia se enterrar – acredito eu.Era claro e evidente que esse pedaço de pele humana há muito não via a luz do dia.Não parecia ter sonhos, não parecia ser viva.Apodrecia como a terra nessa terra suja e fria. Ela me possuía com esse olhar tenro, virgem, inexpressivo, distante - igual a tantos outros olhares que eu nunca havia visto.

Ainda não completamente engolida por ela mesma,deitada, ali, amorfa, ela ainda tentava pôr à mostra o seu maior desafeto ainda desconhecido. Enquanto eu, de longe e de pé , já sabia que ela era o amor em pessoa e que residiam dentro dela todas as formas – mesmo se muitas vezes deformadas - de amar.

Saturday, June 30, 2007

O sóbrio e a desequilibrista

Ele acreditou na força do amor,
Caiu como uma pedra fraca ao seu dispôr,
Não se levantou e ninguém o ajudou...
Até se perguntou se ele havia se drogado.

Ele foi beber num canto desse bar
Um copo de licor com um pouco de sei lá
A vida é tão amarga quando se ama o mesmo amor
Mas ao mesmo tempo ela é doce e te faz rir!

Ela foi buscar a sorte em Paris
Atravessou o mar, a vida assim quis
Deixou o seu amor distante e infeliz
E nunca mais sonhou o sonho de ser atriz

As ruas estão cheias de saudades
E as velhas catedrias não lembram as daqui
Falava em bom francês: je ne sais pas parler
E um coro de burguês cantava bem assim :
"Merci beaucoup mas chère jeune fille;
Tu es jolie mais je m´en fou"

Um samba e um rock ou uma bossa meio velha
Cantava e tocada por uma moça bem mais nova
Imaginando um dia ser uma dessas loucas infelizes
Que animam os cabarés...

Um banco, um jornal e um velho a consumir
Um pombo e um bêbê e um homem a cuspir
As dores de um casal que se ama e não se vê.

Sunday, June 24, 2007

Ao ver o mar

Ao ver o mar, ela se olhou
Mas desviou todo o olhar
Pro barco repleto de marinheiros
Que nunca chegam do mesmo lugar

Ondas demais quebram no cais,
Levam as velas pro litoral
Onde a paz custa chegar
Por ser um porto de “leve e traz”

A tarde vai se retirar
E as velhas más vão se apossar
Dos homens nus, cheios de sal
Que chegam cedo pra perdurar

Ao ver o mar desvencilhar dor de saudade,
Sem esperar, se apressou, foi aprumar :
Roupas pequenas e um grande amor.

Tuesday, June 19, 2007

Ela só

Como te provar que a culpa é sua, que o erro é meu...
Quem sou pra te deixar tão feliz?

Como desejar-te um belo dia
Se nem a noite foi capaz de me dar desejo?

Como fraquejar na fortaleza do seu amor
Sem nem pensar ao menos em me acomodar?

Só ela sabe me fazer feliz
Só ela tem o que eu nunca quis.

Como tropeçar nos teus apelos sem dar sinal de desespero?
- Assim espero os seus sinais.
Vou me espalhar no seu espelho e esperar a tarde toda o seu reflexo.

Só ela sabe me fazer feliz
Só ela tem o que eu nunca quis.

Thursday, June 14, 2007

Dois um

Quem é que te prende com algemas invisíveis e te quer sempre presente no seu campo de visão ? Quem é que te manda embora e te traz de volta fingindo que nada aconteceu ? Quem é que te espalha, te estraga, te humilha e te maltrata mas, no fim das contas, te quer intacta ?

Poderia ser eu, mas foi ele.O amor só é cego para quem não se enxerga.Continue amando assim: aceitando quem te prende e negando quem te liberta.Desse amor só sobrarão sobras.

- E de nós ?

- bom, de nós dois só nos restará nós.

Thursday, June 07, 2007

Simplesmente nós

Eu e você somos coisas inúteis que trafegam sozinhas na cidade vazia.
Eu e você somos pedras não-brutas, somos força miúda, somos um caso à parte deixado de lado.
Eu e você somos sexos distintos, somos bichos extintos, somos queixos caídos, bocas abertas.
Eu e você somos falsas promessas, somos novos profeta, somos deuses na Terra.
Eu e você somos notas agudas, notas confudas, notas difusas que não notam o som.
Eu e você balas perdidas achadas em corpos distantes de nós.
Eu e você somos coisas que andam e como andam as coisas na inércia da vida?

Saturday, June 02, 2007

Contradizendo o que eu nunca disse - eu te amo.

Wednesday, May 30, 2007

Eu sou a prova viva que eu não existo.
Prove-me o contrário ou contrarie-se para sempre na sua existência.

Eu sou a prova morta que já existi.
Contrarie-se como nunca e prove-me ao contrário mesmo inexistindo.

Tuesday, May 29, 2007

O futuro a Eu pertence

Ela pediu o verso triste que eu havia feito com tanta alegria para disfarçar os meus anseios e acabar com a sua dor interminável, indecifrável, tão vulnerável e incontrolável.Ela pediu um presente: queria ser meu futuro; mas o futuro a Eu pertence, o futuro a eu pertence, o futuro a eu pertence, o futuro a eu pertence.
Não adianta se esconder onde eu nunca pus os pés.
Não adianta não querer o que o corpo seu já quer.
Ela pediu um cigarro e fumou nas minhas mãos. As cinzas combinavam com o cinza da estação e o frio nem deixava o meu gesto te sentir: o amor é só palavra quando não existe emoção, o amor é só palavra quando não existe emoção, o amor é só palavra quando não existe emoção.
Ela perdeu a noção do que era céu, do que era chão e no chão ficou deitada observando o céu sumir. E quis sumir também e quis subir também e quis não ser ninguém e quis estar além. Ela sorriu em pedaços, pedaços de contradição enquanto eu contradizia o que nunca havia sido dito.
Não há como se esconder num pedaço de ilusão.
Não há como responder essa voz do coração.
Não há como não temer as virtudes da razão.
Somos um, mas não unidos e é por isso que eu não consigo me entregar no sacrifício que é amar o impossível. Somos um, mas não unidos e é por isso que eu não consigo me entregar no sacrifício que é amar o impossível...
....ela dormiu em meus braços e eu acordei sem vê-la.

Monday, May 28, 2007

Ser-Éter

Sons e sonhos se confundem no silêncio de um sono longo. Quem sonha nem sempre é quem dorme.É difícil diferenciar o que é real e o que é sonhado. O que é palpável e o que é etéreo . O que é perene e o que é eterno. O que é sereno e o que é veneno.O que é lúcido e o que é alucinação. Sons e sonhos se confundem no silêncio de um sono longo. Quem sonha nem sempre é quem dorme.É quase impossível determinar onde começa o meu começo e onde termina o que não pertenço; onde desliza o sentimento e quem analisa o sentimental ; onde cabe o incabível e onde cabe o que faz caber o incabível ; onde morre o que já nasce morto e onde nasce o que já morre vivo. Enfim: onde começa você e onde acabo eu - Você sabe ? Não sei exatamente como ser exato quando pretendo falar sobre um sentimento tão inexato. Nem sei exatamente o que pretendo quando tento me encaixar nessa caixa de incertezas que é o amor. Sendo exato ou não, devo procurar ser o mais neutro possível – sei que é praticamente impossível – mas se distanciar é a melhor forma de ser justo quando nos comunicamos no campo do amor. Ser éter é ter a certeza de não se ser.Ser éter é ter que ser o que não existe.Ser éter é ter a responsabilidade de representar o nada.Ser éter é ter a noção que o vazio pode ser importante. Ser é ter ? E até onde eu me sou ? Até onde eu me entendo? Até onde eu me comunico comigo e consigo uma resposta que me satisfaça? E até onde eu te tenho? Diz-me, me diz - até onde é te ter ? Diz até que ponto eu posso te considerar um pouco minha e onde exatamente termina essa consideração.Não sei aonde pretendo chegar, mas sei que você me entende. Não sei se você me pretende, mas espero que eu chegue a te entender. Sons e sonhos se confundem. Acordo no meio de uma trovoada. Não sei sou eu-eu ou se sou eu-sonho. Sons e sonhos se confundem. Não sei se é você-você ou se é você-sonhada.Chega um determinado momento que você é o que você se imagina ou você imagina ser o que você é. E nessas idas e vindas da minha imaginação acabo sendo o que eu não sei, pois querendo ou não, somos sons e sonhos que se confundem no silêncio de um sono longo.

Friday, May 25, 2007

Complemento

Eu fiz você sem qualquer pretensão de ser feliz
Só queria alguém para tomar conta da minha solidão.
Não coloquei pernas para você não fugir.
Não coloquei olhos para você não julgar.
Não coloquei outros amores no seu caminho para você não comparar.
Não coloquei memória porque achei que seria detalhe lembrar da nossa existência.
Você é sem forma, sem cor, sem voz, sem gesto, sem lembrança...
E o pior – me ama!
Agora que você está feita, como faço para me desfazer?

Thursday, May 17, 2007

Quase um enterro

Telas pintadas de cinza decoram os dias mais tristes, mais livres e inúteis
Belas moças desfilam a toa na sala vazia, sem rumo nem lustres
Tê-la é vê-la distante, imóvel, deitada e branca num banco parado
Portas abertas fecham saídas enquanto, por dentro, bichos indóceis divertem seus donos,
A mesa quebrada não deixa saudade e os poetas e as putas disputam amores.
Tê-la é vê-la distante, imóvel, deitada e branca num banco parado
Velas acesas queimam sem pressa: fotos e fatos e restos de vida.

Monday, April 23, 2007

Saudades sinceras

O cais está cheio de sacos plásticos com marcas de supermercado. Sinal de que a globalização já chegou no fim do mundo. O cais está cheio de óleo, de barcos e de ondas fracas. Sinal de que a Natureza não tem mais força. O cais está cheio de curiosos que perderam um dia de trabalho para me ver dobrar o horizonte e sumir de vez de vista.Os gestos de adeus enfeitam a paisagem, preenchem alternadamente os espaços vazios, perturbam a inércia com um delicado vai-e-vem.Maridos traídos, mulheres virgens, crianças órfãs e bichos domesticados entornam lágrimas inúteis e se tornam testemunhas fundamentais dos meus testemunhos.Eu nunca entendi essas lágrimas.Sempre me soaram falsas, mas hoje eu sei que amanhã vou sentir saudades dessa falsidade necessária. A sinceridade, sinceramente, nunca me deu comida, nunca me deu um cigarro, nunca me abraçou ou me levou pra passear, nunca me deu a mão nem o braço à torcer, nunca me deu um emprego, nunca lavou meu carro, nunca me viu pelado nem nunca me pediu para ficar.
O vento me afasta do litoral. Procuro não olhar para trás. Tenho medo de ser sincero demais e interromper de vez essas saudades ininterruptas.

Não posso voltar.

Monday, April 16, 2007

Língua viva, boca morta

Língua viva, boca morta

O som não sai, mas quem se importa?

O som não traz você de volta

O som desfaz a sua escolta...

Língua viva, boca morta

Quem quer ouvir as suas notas?

Quem quer saber de onde eu vim?

Quem quer prever pra onde eu vou?

A dor não entra por esta porta

A dor invade e se acomoda

Nos erros que eu causei por mil

Tentando nunca mais errar.

Língua viva, boca morta

Ninguém se ama, mas quem se importa?

O amor não está mais na moda

O amor agora só nos incomoda.

Língua viva, boca morta

Quem quer dizer a sua fala?

Quem quer falar o que dizer?

Quem quer rever o seu discurso?

O amor só sai por esta porta

O amor invade e se aloja

Nos berros que berrei sozinho

Calando então a companhia...

Eu me canso à toa, eu me finjo de ator
Interpreto o que sou, mas não ganho o papel
O meu palco é o tempo, é o tempo em que estou...
Eu te amo por dentro, eu amo por fora
Eu te amo embora não há nada por dentro
Eu te mando embora e te faço entrar
Eu te amo por dentro, eu amo por fora
Eu te amo embora não há nada por dentro
Eu te mando embora e te faço entrar
E te mando embora e te trago de volta.

Tuesday, April 10, 2007

O que sobrou das sóbrias sobras de Bárbara ?

Bárbara quis se desfazer de tudo o que não lhe fazia bem. Ela trocou seu nome, ela trocou de roupa, ela pediu esmola e fugiu às pressas.Bárbara quis rodar o mundo, conhecer cidades desconhecidas, se distanciar um pouco dos seus conhecidos e tentar a sorte em outro domínio.Ela pintou seus olhos de uma cor mística e sumiu de vista sem dar notícias. Ela se viu perdida e se achou confusa, ela perdeu a graça, ela bebeu cachaça e se escondeu no meio de uma única multidão.A rua agora é a sua companhia: calada, imóvel assim como...Bárbara fez inúmeras promessas.Pediu,ainda sóbria, a proteção dos sóbrios e bebeu até ficar quase Santa e bebeu até ficar quase solta e bebeu até cair no chão e bebeu até sentir o chão e bebeu até sonhar no chão e bebeu até chegar no céu e bebeu até brindar com Deus e bebeu até brincar com Deus e pediu até um gole a mais e pediu pra não voltar mais, mas voltou..

Wednesday, March 28, 2007

Busque sempre se buscar

Busque sempre se buscar - é o que eu posso te dar como conselho. Ouça a voz interna, aquela que não diz nada, mas diz tudo. Escute-se. É seu guia. É seu destino comunicando em tom baixo qual deve ser o seu próximo passo. Não se contente em apenas tentar. Tentar é o mínimo que você precisa fazer. Faça coisas impossíveis: sonhe, ame. Estar em contato com o impossível, sem dúvida, é uma das maiores propabilidades de estar em contato com você mesmo, pois não existe nada de mais distante de você do que você.
Ame o próximo e que esse próximo seja sempre atual.
Ame um Deus, mesmo que esse Deus não precise existir.
Ame um ato, mesmo que já seja um ato consumado.
No final das contas quem vai pagar as contas será sempre você.Portanto, perca-se, ame-se, odeie-seroube-se,beba-se, coma-se, toque-se, afaste-se, venda-se, compre-se, entenda-se, complique-se, teste-se, construa-se, destrua-se, acomode-se, ajeite-se, bagunce-se, questione-se, responda-se, confunda-se, acerte-se, fuja-se, encontre-se, complete-se, arranque-se, espalhe-se, junta-se,cheire-se, fume-se, injete-se e foda-se.
Mas: busque sempre se buscar.

Thursday, March 15, 2007

O pequeno megalomaníaco

Eu faço perguntas pequenas querendo respostas maiores

Não sou a pessoa mais certa, mas quero aprender a negar

As suas mentiras sinceras que saem da boca mais bela

E entram em feia disputa com suas outras mentiras

Costumo brincar de ser sério, mas logo percebo o meu erro

Nem sempre se pode querer ser sempre o ser mais querido

Queria não ter o seu rosto guardado nas minhas lembranças

Pra não me perder em mim mesmo pensando em outra pessoa

Desfaço poemas já feitos e apago as velas acesas

Ascendo um cigarro, não fumo e fico criando novelas

O amor é um velho produto jogado em novas vitrines

Que chama demais atenção, mas não é levado nas compras

O amor é um novo produto exposto em novas vitrines

Com preços e taxas e juros e impostos impostos à tudo

O amor é o nosso produto vendido em nossas vitrines

Comprado por outros malucos que sonham com as nossas loucuras.

Saturday, March 10, 2007

Banana com areia, cimento com aveia


O concreto, concretamente, é uma mistura de quatro componentes básicos: cimento, pedra, areia e água. Existem três tipos de concreto : o simples, o armado e o magro. É um material muito utilizado em construção. Fundamental até, eu diria.

A banana, em si, é o fruto da bananeira.Existem bananas de diversas cores, ainda que a variedade mais conhecida e comercializada seja a amarela. Caso interesse alguém, a banana é um fruto partenocárpico, ou seja, ela pode se formar sem fecundação prévia.É por isso que ela não possui sementes. Vale ressaltar que é uma fruta muito gostosa de se tomar com leite e aveia.

- Vocês conseguem assimilar algo entre a Banana e o Concreto ?

Pela definição, percebemos que a banana e o concreto são dois mundos obviamente diferentes. De certa forma, a banana é concreta, porém isso não nos ajuda a interligar esses dois universos, já que um é inflexível, duro, sólido; e o outro mole, comestível e saudável.Nesse caso, a tendência seria não conseguir ver nada em comum entre uma fruta amarelada de formato fálico e uma mistura cinzenta utilizada para erguer construções. Porém, se pararmos para pensar e continuarmos andando nesse pensamento, podemos perceber que existem, sim, alguns aspectos que nos levam a combinar o universo da Banana com o do Concreto.

Por exemplo, se entendermos esses dois universos como estruturas fundamentais para o crescimento ( tanto material quanto físico-humano ), veremos que eles podem perfeitamente ser interpretados em comum. O concreto é a solução que permite fazer crescer uma casa, um prédio, uma ponte, uma parede, enfim, que é capaz de erguer uma estrutura sólida.A banana é a vitamina que fortalece o Homem, que faz com que ele cresça de forma saudável, firme e forte. É só imaginar o corpo humano como se fosse um prédio ou um prédio como se fosse um corpo humano, tanto faz. O concreto seria a banana do prédio e a banana o concreto do homem Em outras palavras, cada passo, cada etapa da evolução tem que ser precisamente construída para evitar futuras seqüelas.Do primeiro piso ao último passo, tudo precisa estar devidamente alimentado para que os erros sejam reduzidos na construção do ser.

A lógica seria achar que isso tudo é um absurdo. Eu já acho que um absurdo seria não achar uma lógica nisso tudo. Pois a Banana e o Concreto são dois universos absurdamente separados pela lógica e logicamente unidos pelo absurdo.

Saturday, March 03, 2007

Últimas palavras para o meu primeiro amor

Indo ao encontro do meu primeiro amor
Encontrei, desiludido, a minha ilusão
E a minha atitude foi ser imparcial
Não posso enfrentar o que desconheço

Indo ao encontro do meu primeiro amor
Deixei de encontrar a minha direção
E fui me aventurar em outras invenções
O vento me deixou perdido outra vez

Não sei se sonho demais ou se eu sou meu próprio sonho,mas imagino que sonhar seja construir:imagens e viagens e vertigens e deslizes e coragens e bobagens e vantagens e mentiras e verdades e besteiras e promessas e segredos e mulheres e desejos e vontades e sorrisos de dor.

Friday, March 02, 2007

A medida do meu imensurável grande amor

O que se foi e o que restou é uma parte do que sou e se eu sou o que eu sei – como pude me esquecer que o que se foi e o que restou é um resto do que sou que se parte em uma parte e que parte sem lembrar?

Meu grande amor é quase humano, é quase um mantra, é quase manso; foi quase feito para sentir, mas quase sinto se diluir numa imensa solidão provocada tão em vão. Meu grão de amor é tão pequeno mal cabe ele no sentimento, mal sabe ele o bom momento para crescer e não sumir; só ele sabe o bem enorme que ele me faz enquanto dorme, enquanto eu, bem acordado, desenho sonhos premonitórios. Meu grande amor não tem medida e à medida que vai sumindo, vai se tornando sem sustento, vai se tornando o alimento; o alimento e o lamento de uma nova geração baseada nas velhas leis dos amores desleais.

Meu grande amor é quase tudo e ao mesmo tempo não é nada e não há nada de mais certo do que amar o indeciso. Meu grande amor é quase tudo e ao mesmo tempo não é nada e não há nada de mais certo do que amar o indeciso.

Meu grande amor é quase médio, é quase médium, é quase o meio, o intermediário entre o centro e o ventre do universo. É um verso semi-morto, um poema quase torto, uma fala sem contexto ou um texto sem palavra. Meu grande amor é um absurdo se faz de mudo, se faz de surdo, e além de tudo é quase cego e faz esforço pra não ver a força bruta que eu carrego que fortalece naturalmente o meu físico enfraquecido e os meus músculos indefinidos. Meu grande amor é imortal e ele vive a se esconder nas ruas mais escuras, nos becos e nas bocas, nos beiços e nos beijos das putas e das santas, das boas e das fúteis, das gordas e das finas; e em cada mil esquinas e a cada meio metro ele me deixa uma mensagem e depois cai no esquecimento.

Meu grande amor é quase tudo e ao mesmo tempo não é nada e não há nada de mais certo do que amar o indeciso. Meu grande amor é quase tudo e ao mesmo tempo não é nada e não há nada de mais certo do que amar o indeciso.

Thursday, March 01, 2007

Alcance zero

Quero te falar de amor, mas é difícil te encontrar
A boca não tem pernas e o pé não tem palavra
Quero te falar de nós e de tudo o que passou
Eu passei um pouco mal quando vi que não estava bem

Eu quero um filho seu e que seja meu também
E faça mil perguntas e não fique sem resposta
Quero te falar de amor e de tudo o que ficou
Preso na garganta e solto nas lembranças...

Saturday, February 10, 2007

Porque eU Te Amo

-Eu que te encontrei numa ferida entre-aberta, então entrei pra conferir se estavas certa.Eu não queria te trancar nessa quimera,eu tive medo de errar como quem erra.Eu admirava essa coragem feminina ao negar quem te aceitou como mulher. Eu sabia que no fim serias minha, mas o fim é algo que não começa. Eu que encostei nas suas costas, querendo ser por um momento as suas costas, querendo ter aqui por dentro as suas marcas e tatuar eternamente a solidão.Eu que me atirei no vão das suas pernas, eu que avançava e recuava nas suas coxas, eu que não falava mais coisa com coisa e me deixava engolir pelo prazer. Eu que era você que era eu que era Deus, quem dera eu não ser você e não ser Deus e não saber o que é gozar e o que é rezar sem companhia.

-Eu que era amada, era posta numa caixa que não se fecha e ninguém abre e ninguém sabe por onde entra nem por onde sai, nem por onde vai o seu destino. Eu que era casta, que era vasta, que era cheia, que era vaga, que era paga de segunda à sexta não podia nem pensar em pensar em não ser nada, à não ser que esse nada também fosse filho de Deus.

Friday, February 09, 2007

Uma dedução sobre eu e ela

Ela quis me dominar ao tentar me seduzir
Ela fez do seu altar uma forma de fugir
Da rotina de ser sozinha, da agonia de não ser minha,
Do vazio de estar cheia dessa triste alegria

Ela foi o meu começo, mas começou a desabar
Quando eu me dediquei a comprovar o seu fracasso
Ela foi um bom exemplo, ela foi por um momento
A mulher que eternizou o que havia terminado

E ela riu e emocionou essa gota de saudade
Mas não fez nenhum alarde ao matá-la de saudade
E convidou o seu amante pr´uma dança excitante
Uma troca de semblante numa noite de diamante

Ela se viu no meu olhar, ela serviu pr´eu me cegar
Ela desfez com muito amor o pouco amor que eu lhe dei
E dedicou a sua Vida a construir a sua Morte
A construção foi concluída – mas que saudade dessa menina!

Ela cuspiu o verbo “amar” e admitiu não me amar
E foi direto pro seu mar se afogar num novo amor
Um novo amor envelhecido pelas marcas de um novo tempo
Um tempo em que não havia mais tanta simpatia

Ele fingiu não ser mais ele e se escondeu na pele dela
E consumiu uma parcela do corpo, do corpo dela
Ele fingiu não ser mais ele e escondeu na pele dela
Uma imensa pequena cela e condenou-se em nome dela

Foi então que eu deduzi que no amor só é feliz
Quem segue o outro e cega o jogo ou segue o outro e cega o jogo.

Thursday, February 08, 2007

Uma balada pra gente se entender melhor

Se eu não sei te entender é porque eu não me entendo
Tenho certezas tão incertas e não sei como me acertar
Entenda que eu não sou perfeito, tenho até muitos defeitos
Mas o que vale é acreditar que vamos todos melhorar

Você me vê de uma forma que eu considero equivocada
Mas tudo bem, é seu direito querer me ver tão errado
Você devia já saber que eu não sei te entender
Pra quê forçar um entendimento se, no fim, ninguém se entende?

Não sei se era mau humor ou se era falta de atenção
Mas tudo o que eu lhe dizia aos berros, ela me devolvia

Você gostava de ir pra casa lendo os nomes dos hotéis
Achava lindo o concreto se chamar -Palace Gold-
Não sei se a alegria fazia parte da nossa rotina
Mas eu ria tanto, tanto, tanto e você me imitava.

Você me dê de uma forma que eu considero equivocada
Mas tudo bem, é seu direito querer me ver tão errado
Você devia já saber que eu não sei te entender
Pra quê forçar um entendimento se, no fim, ninguém se entende?

Não sei se era mau humor ou era falta de atenção
Mas tudo o que eu lhe dizia aos berros, ela me devolvia

Wednesday, February 07, 2007

A bonança à espera de um grito de Esperança

Como um riso morto sorrindo para a vida em busca de uma paz que não existia, ela despertou meu interesse mas não se interessou pelo despertar do meu corpo fraco, carente de atenção e deixado aos cuidados de quem não se cuidou.Muitos já caíram, outros cairão,ninguém pode durar mais do que um sonho.Sonhar é descobrir que somos mais do que carne e que o nosso carma é evoluir e essa evolução depende só de nós, somos responsáveis pelos nossos atos até quando a dor parece incomodar as nossas decisões, somos responsáveis.

Como é triste o seu olhar pendurado na parede olhando pro vazio da sala preenchida por móveis coloniais e vasos orientais,vasos orientados a não te aceitar.Você do outro lado buscava entender qual era o meu lado, qual era o meu partido. Eu nunca fui fiel à sua infidelidade, mas sempre respeitei a falta de respeito que o seu corpo sujo tentou limpar com água, mas não conseguiu apagar a mágoa.

Pense nos seus pais, pense nos seus filhos, não pense que o futuro não irá passar. Pense em você e pense um pouco em mim, não pense que o agora não irá passar. Sempre com o punho erguido para o céu pedindo proteção e força pra amar todos que ficaram esperando a Esperança sentados à espera de um milagre.

Monday, February 05, 2007

A princesa Beata


Pendurada sob o chão de um quarto alugado com um terço numa mão. E no quadro perdurava a imagem de uma Santa – que é a sua companhia.Ela nunca quis rezar, mas prezou por um amor - um amor que não chegou por estar sempre ocupado com coisas inúteis.

Com a cabeça em outro plano e os pés quase voando e o tempo se esgotando e o ar se acabando e os outros comentando a decadência de mais um ser humano, a decadência de mais uma alma, uma alma que só queria ir pro céu e ver um mundo de uma forma diferente, um mundo onde não há diferenças, um mundo onde há semelhanças, um mundo onde a puta e a princesa vivam no mesmo convívio e dividam o mesmo prato, a mesma comida, mas não os mesmos amores.

Onírica

Você me prende em seus braços como se eu fosse um vulto real e exige que eu te prenda também de uma forma um pouco menos natural. Você conta os dias que eu passo acordado porque só assim eu consigo te evitar. Fugir nunca foi uma prioridade, mas as vezes representa uma pequena liberdade.Você fala de imagens que eu não vejo, imagina ver o que eu não falo e vê essa fala imaginada se perder no vão da claridade.

Sonho, sonho meu será que existe alguém mais distante do que eu ? Será que existe sonho menor que o meu? Será que existe sono mais leve que o meu? Será que existe vida dentro do sonho? Será que existe sonho dentro de uma vida? Será que existe dobra no infinito? Será que existe dor no paraíso?

Você me prende em seus braços como se eu fosse um vulto real e eu me rendo delicadamente ao espaço que existe entre o sono profundo e a insônia.

Friday, February 02, 2007

Sem ninguém



Não sei mais se sou aquilo que eu deveria ser, mas devo muito à mim por ser alguém assim:

calado e discreto, sensível, invisível, atento ao impossível que descreve o seu redor sem ninguém, sem ninguém...A volta foi vazia e cheia de saudades,saudades entupidas de saudades já vividas de quando eu andava sem a sua companhia pensando em ser alguém, alguém que não fique sem ninguém, sem ninguém...Eu só queria conversar com quem pudesse debater as causas do meu mau humor e a razão do meu bem estar, mas como posso estar bem sabendo que existe a solidão e que ela me escolhe como companhia por medo de ficar Sem ninguém, sem ninguém...

O amor é uma lágrima feliz...

Você me deu um amor que eu não pedi,
Você me deu um mundo que eu não quis, você me deu...
Você perdeu o que havia de mais belo,
Você perdeu o caminho do nosso elo, você perdeu...
O tempo te fez perder a graça e o juízo, o charme a libido e a noção efêmera de ser um ser eterno. O tempo te fez ganhar mais tempo pra você poder perder mais tempo tentanto explicar que você é um ser muito jovem pra envelhecer, mas muito velho pra morrer.E mesmo assim você morreu nas mãos de quem só te escolheu pra ser a única verdade ainda em vida. É por isso que hoje você me diz que o amor é uma lágrima feliz, que o amor é uma lágrima feliz, que o amor é uma lágrima feliz...
O amor é uma lágrima feliz que diz não ser triste, mas é...

Friday, January 05, 2007

escapulária

Era uma noite parecida com a noite desse dia em que decidi dormir e ia, e ia, e ia claramente, acordando quem não sente o mesmo desejo...

Era uma roupa, uma saia, uma coisa parecida com a sua rebeldia, minha amiga: meu amor é tudo o que lhe dou – mas você não quer amar...

Ah...teu rosto é capaz de abrir uma saída e ter, inconsciente, um medo de amar?

Thursday, January 04, 2007

Um sentimento raso

Alternando mal-humor com um pouco de saudade
Me desfiz das suas coisas e de todos seus pecados
Procurei o quanto antes, não deixá-la pra depois

Eu tentei não te encontrar no meio da cidade
Nessa idade é tão difícil compreender o que se passa
Vinte anos não são dias e esses dias eu ando tão sozinho

Eu não quero perder o costume
De me acostumar com os seus costumes

Eu me lembro ainda há pouco, eu fiz muito por você
Mas agora de que vale ser gentil e abastecer
Esse amor que tanto fez pra me desfazer?

A saudade eu já não sinto, já não sei o que é sentir
E esse humor que existe em mim está preste a sumir
Eu assumo nosso amor, mas não posso te assumir...

Eu não quero perder o costume
De me acostumar com os seus costumes
Eu tentei não te contar pra te proteger
Eu não quis te magoar, mas também não quis sofrer
Eu não sei como dizer, eu não sei como dizer: adeus.

Eu me lembro ainda há pouco, me desfiz por você
Mas agora de que vale ser gentil ou ser fiel
Se no fundo ainda tens um sentimento raso?

Wednesday, January 03, 2007

O passatempo

Se eu conseguir dobrar o tempo com o meu próprio tempo, sei que vai sobrar mais tempo pr´eu fazer parar o tempo. E se esse tempo for um tempo que se move contra o tempo e se entrega no seu tempo ao que sinto há algum tempo ? E se for de outro tempo, eu trago ele pra esse tempo ; como faço todo tempo em que me falta tempo pra acertar esse meu tempo: o tempo em que eu tinha tempo de fazer parar o tempo - era o meu passatempo.

O tempo passa, o tempo voa
E o temporal não perdoa

Hoje vejo um novo tempo onde o tempo não tem tempo de fazer passar o tempo.

-Acabou meu passatempo.

Tuesday, January 02, 2007

progr-amada

Ela é meu Norte, foi meu sul;é o suburdúbio, é um distúrbio permanente na minha mente inconstante.Ela é minha fonte de esperança e não se cansa de abastecer o meu orgulho e a minha sede.Ela é um sistema programado pra ser amado e abandonado toda vez que escolher um amor incompatível e ela dança e quando dança se balança feito uma criança num balanço que balança também. Ela é um pedaço de bom-caminho e se engana por inteira quando busca na maldade uma forma de caminhar.Ela é uma prova bastante viva que comprova o quanto é imortal o sentimento de ser livre; E ela sabe quase tudo só não sabe quem sou eu, mas duvida constantemente que eu seja a sua mente.