Saturday, June 20, 2009

Vivendo

[...]
Eu sei que você sentiu falta. Talvez não de mim, mas sentiu. Eu sei que você sentiu falta. Talvez você não diga, mas eu sei que sentiu. Eu sinto que você sentiu. Você nunca foi de admitir ou revelar os seus mais puros sentimentos. Talvez por medo de não saber colocá-los do coração pra fora. Talvez por não saber dizê-los da boca pra fora.Talvez por preservação. Quer saber? Você tem razão. Um sentimento preservado preserva a pureza e vale bem mais do que se pode imaginar. Por falar em imaginar, eu andei imaginando como seria o mundo se não a tivesse conhecido. Se não tivesse você andando ao meu lado, dobrando as mesmas esquinas, bebendo nos mesmos bares, comendo na mesma mesa, brigando nas mesmas brigas, deitando nas mesma cama, sorrindo em bocas diferentes, mas pelo mesmo motivo.

Senti que você não queria conversar. Mas mesmo assim falei. Contei como foi o Tempo sem você. Contei como foi levantar sem te ver. Contei que vi filmes, visitei museus, passeei por caminhos vazios, encontrei desconhecidos – que permanecerem desconhecidos. Desconversei com pessoas inúteis, me entreguei pra sentimentos desnecessários, desvirginei paixões efêmeras, me encantei com situações perversas, questionei religiões diversas, tropecei em covas abertas, condenei inocentes, perdoei culpados, enganei meus princípios, mas aceitei as conseqüências.
[...]

Wednesday, June 10, 2009

Sonhando na chuva

[...]

A chuva cai friamente sobre o asfalto ainda quente. Não sei quanto tempo vai durar, não sei quantas pessoas, quantos cães, ratos, gatos, vão se molhar. Fico imaginando você saltitando pelos becos, dançando com a própria sombra. Cantarolando músicas que não existem, imaginando amores que não insistem, derrubando paixões que persistem...
E na calçada distante, teu sonho te espera, paciente. Enquanto eu te admiro como se você fosse o sonho, não ele.
[...]