Sunday, December 26, 2010

Tédio Vermelho (2005)

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Meu coração vive de humoresSorri por um tempo ganhochora por outro perdido. Depois perde o rumo e começa então a viver de rumores. Aí, ele ignora o tempo gasto com aquilo que traz desgosto. Pensa em parar de bater por um tempomas logo se reanima e se dedica aos sabores e dissabores que a vida lhe reserva E dá sinal de melhorasE logo pioraMeu coração vive de pudoresVeste-se de corpo, usa minha pele pra conforto e pede para o tempo um pouco menos de tempoEle não precisa de mais dias para saber que uma noite é capaz de mudar o tempo da batida do causador do meu tédio.Meu coração passa então a pensar em horroresRevê em sonhos todos os seus temores e vive à procura de amoresSe decepciona e se alimenta de todas as dores, como foram todos os anteriores. E começa então a morrer, como tantos, de tumores.

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Wednesday, December 22, 2010

Overdose diária

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Não quero morrer de overdose, mas também não quero viver sem sua dose diária de vida. Quero desabar no seu mundo e me enfiar nos seus abraços sem pedir licença. Na ternura das suas pálpebras entre abertas - vivendo entre sonho e realidade, uma quase-vida - onde os amantes se fazem de cegos, as paixões se fazem de belas, os caixões se fingem de cheios e o nosso amor se enterra aos prantos.
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Wednesday, December 15, 2010

Pálpebras (parte 1)

Seus olhos são a minha poesia, quando você acorda, ela desperta... E se vê sozinha diante da imensidão das coisas vãs que dominam nossos dias. Sabe, sempre tive medo de te perder. Não por você ser o motivo do meu despertar alegre. Não por você entender minhas lágrimas escritas como ninguém. Não por você saber exatamente o que dizer e não dizer quando tudo o que preciso ouvir é um eu te amo. Mas sim por conter tudo o que admiro e que nunca vou conseguir perder o fascínio. Seu amor é meu refúgio. É quase um Templo do qual contemplo noite e dia, dia e noite sem sentir passar o tempo. Mas não posso entrar. Sempre esqueço que amar é um obstáculo. Temos que superar o insuperável, imaginar o inimaginável, aceitar o inaceitável e nos contentar com a sensação tão desumana de abraçar a saudade com as mesmas mãos que afastam os nossos sonhos mais lindos. 

Monday, October 25, 2010

(In)cômodos

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Na calçada, um eu te amo em caixa alta. No ralo, um quem sabe impreciso. No corrimão, manchas de um coração cortado. Perto da lixeira, um pouco de esperança. E no fundo do corredor vazio, meio empoeirado, ainda se podia ler que a vida, apesar de breve, é brava. E que os amantes, apesar de bravos, são breves. E que os sonhos, apesar de tantos, são únicos. E que os poemas, apenar de confusos, são meus. E que eu, apesar de tudo, sou seu.  

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Friday, October 01, 2010

No Meu Lar: o despertar do Mundo Eleitoral

Ontem, pela primeira vez, resolvi assistir o debate dos candidatos à presidência. Ainda meio sonolento, liguei a TV. E me deparei com uma linda tela azul celestial, com estrelas brilhantes, nuvens branquinhas e um senhor de idade e ideias avançadas, reforçando que não se pode fazer nada sem “esquecer a nossa dívida externa”. Nesse exato momento, chequei meus pulsos, controlei minha respiração. Fui conferir se estava vivo.  Por um instante, tive a mesma sensação que o nosso amigo espiritual André Luiz teve ao chegar no Além, ao me deparar com criaturas assustadoras e sombrias num lugar totalmente desconhecido. E uma coisa eu posso garantir: as criaturas em Full-HD ficam bem mais assustadoras.

Graças a Deus, estou vivo. Posso assistir calmamente a cara de pau de alguns em alta definição e a irreverência, a fragilidade enganosa e o total despreparo político de outros. Enfim, os 4 espíritos estão ali, preparados para convencer qualquer mortal que seu governo será o melhor.

A Dilma com um vestido rosa-salmão que parece ter sido escolhido a dedo pela figurinista de Guerra nas Estrelas. Deixando de lado o tradicional e característico vermelho. Juro que, num primeiro momento, achei que fosse defeito da imagem. Ainda tentei calibrar meu monitor. Mas, era verdade mesmo. Ela que passou praticamente quatro anos fantasiada de vermelho, agora estava na minha frente se debatendo de rosa-salmão. O vermelho parece ter saído de repente de moda. Coisas da política... Estranho.

O Serra, um legítimo tucano de terno e gravata. Discurso de quem tem experiência e já passou por vários cargos do governo. Delicadeza na hora de abrir o bico e na escolha das palavras. Sabe usar o tempo que lhe é dado como poucos. Tem presença, uma certa elegância, fala bem, mas não diz nada. Olhando assim, apertando a tecla MUTE do controle remoto, ele até que tem cara de Presidente. Mas, segundo as pesquisas que ele se nega a gostar, ele vai ficar mesmo é com cara de Presidente que não será eleito.

A Marina com sua vestimenta clássica – uma mistura de indiana, evangélica e dona de ONG – se mostra coerente. Tem um discurso universal. E, acreditem, não usa sua religião para conquistar votos. Ela, ao contrário de muitos crivellas da vida, consegue deixar Deus de lado no seu discurso. Não sei vocês, mas eu tenho medo de abraçar a Marina. Parece ser um ser tão frágil, prestes a quebrar a qualquer momento. Mas atenção: é uma fragilidade enganosa. Debaixo daquela roupa, existe uma guerreira. Ou melhor: uma surfista. Uma surfista ambiental que entrou na Onda Verde e espera que ela se transforme num Tsunami Eco-Ambiental para ter chances de disputar o Segundo Turno.

O Plínio. 60 anos de história política. Ele é fofo, simpático, tem umas tiradas sensacionais, ideias coerentes e um carisma de vovô de seriado norte-americano. Parece ter descido de outras vidas para nos passar uma mensagem de esperança pro futuro. Como ele mesmo diz, seu discurso é para os jovens e para o futuro. Infelizmente, nesse país, tudo o que é Jovem e é Futuro é deixado em outros planos. Ele é acima de tudo um mensageiro carismático que, apesar de sua bela e longa história política, ainda busca seu lugar ao P(sol).

Em relação ao debate, nada de sobrenatural. Todos os políticos foram politicamente corretos. Ninguém ousou ousar. Falaram o óbvio e o básico. Resumindo: foi sonolento. O espírito de Plínio até tentou despertar em alguns momentos com sua irreverência nata. Mas, convenhamos, é bem mais fácil partir pro tudo ou nada quando não se tem nada a perder. Ele já entrou nesse debate sabendo que cumpriria apenas seu papel de participação especial, digo, espacial.

Confesso que antes do quarto e último bloco de debate, o sono me elegeu para descansar. A atmosfera angelical daquele cenário de outro mundo não me despertava mais. O que se viu foi a mesmice, o medo do escorregão, da palavra errada, de falar bobagem. A sensação que eu tive é que era tudo a mesma coisa. O inferno de sempre. Portanto, espero que o(a) escolhido(a), caia na real e não espere baixar uma luz lá de cima para pôr em prática o que ele acredita ser melhor para o nosso país. 

Espero que todas as promessas, principalmente, no plano da Educação e da Saúde, sejam vistas com olhos deste mundo. Porque todas essas promessas – acreditem – não se psicografam. Elas devem partir de um plano real. De uma atitude real. De uma vontade real. De uma pessoa real. Espero sinceramente que ele(a) não venha com ideias de outro mundo, que não possam ser colocadas em práticas. Porque não é isso que o povo quer. Um povo, apesar das suas crenças, vive de realidade. E uma coisa eu garanto: não precisa ser médium para mudar o nosso futuro.

Portanto, se você quer que a mesmice reencarne...Tudo bem, o país é seu também. O Brasil é nosso lar. 

Tuesday, February 16, 2010

A casa dos meus sonhos

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A casa dos meus sonhos não precisa ter teto alto, não precisa ser grande. Basta caber o que eu preciso: a sua paz, o meu respeito. Não quero um jardim que não acaba mais, se tiver um lugar pra gente tomar café da manhã, pra mim, já basta. E, claro, um cachorro pra lembrar que somos humanos.

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