Sunday, October 30, 2011

Lida para Sempre (releitura)

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Quando abro um livro, pode ser um romance qualquer, é você quem me vem à cabeça e aos olhos e às mãos. E não me importa os personagens, se são reais ou imaginados, e não me importa a história, se é fictícia ou vivida, pode até ser curta ou infinita: não importa: penso em você e leio a sua vida: e amo cada página: e amo cada sopro: e assopro cada palavra até embaralhar cada letra e te encontrar, aqui, presa no silêncio da escrita. E assopro cada palavra até embaralhar cada letra e te perder, ali, livre nas algemas da imaginação. Não me importa se o final será feliz ou incompreendido, se os amantes serão infelizes ou compreendidos, compreendo que assim os romances são mais belos, mais eternos: quando o escritor não se importa com os finais, os princípios. Quando o escritor não gasta palavras tentando descrever o impossível e se limita apenas a invadir o campo das possibilidades. É claro que nem todo amor é possível, mas ainda assim, quando abro um livro, pode ser um romance qualquer, penso em você e leio a sua vida. E ela passa pelas mãos e ela passa pelos meus olhos e ela passa pelos meus sonhos como uma vida passa pela eternidade. E é lida para sempre. 

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Saturday, October 08, 2011

A Primeira Primavera de Eloise Hartwies

Você ainda não nasceu, mas já sorri como se conhecesse o mundo de cor, e já enxerga como se tivesse visto todas as cores do mundo, e até se comporta como se tivesse superado todas as dores do mundo. E ainda assim, sem ter começado a viver e ao mesmo tempo tendo vivido tão intensamente, ainda tem toda uma vida pela frente. Mas não se assuste, meu amor. Pode se amedrontar sem medo: viver é justamente matar o que nos assusta, e estamos aqui para te acompanhar. Por enquanto, você faz parte dos meus sonhos confusos e sua voz já ecoa pela minha realidade, pelos meus tímpanos, como se fosse me chamar a qualquer instante e, pode ter certeza, que a qualquer instante estarei lá, lá onde você estiver. Por enquanto, você é fruto da imaginação fértil da sua mãe e sua mão, pequena, já procura a grandeza dos seus dedos para segurar com toda a força que você ainda não tem e se sentir protegida naquele pedaço de pele tão desconhecido, mas que você sabe que será seu daqui pra sempre. E, assim, na ânsia de existir, de ser, sua boca já procura o seio menos distante para se alimentar de vida.

Você ainda não nasceu, mas já herdou o sorriso da sua mãe, que até então eu achava que não poderia pertencer a mais ninguém, mas agora vejo que também é todo seu. E isso me faz sorrir, feito criança. Você também herdou seus olhos grandes: duas sementes negras que precisam da água e do sal das suas futuras lágrimas para brotar e fazer florescer todo o seu brilho, um brilho que eu só encontro quando você esboça uma careta qualquer, procurando as palavras exatas que você não ainda conhece para dizer que me ama. Seus lábios são claros e são finos porque precisam dizer delicadamente o quanto você também a ama, e precisam pedir com ternura e simplicidade sempre que você precisar de um colo ou de uma palavra doce que conforte e acalme a sua alma. De mim, você herdou o fascínio pela sua mãe. E a minha timidez e os meus silêncios que, um dia, serão tão necessários. Principalmente quando você se apaixonar pela primeira vez. E, mais uma vez, meu amor não se assuste. Você, tão logo, vai se decepcionar. As paixões não têm o mesmo sabor. São breves, são loucas, são tantas e, entretanto, não chegam aos pés de um grande amor. Esse sim, eterno. Esse sim, dócil. Esse sim, fértil.

Você ainda não nasceu e já treme, não de frio, mas de saudade do agasalho bordado pelas mãos de sua avó, que você ainda não conheceu, mas que te espera com as mesmas rugas e os mesmos brinquedos. E já teme não ser filha única, soberana. E sente ciúmes do seu irmão mais novo dividindo os meus abraços, os beijos da sua mãe, o carinho dos dois. E quando você chorar, de frio ou de ciúmes, talvez meus ombros não estejam mais aqui porque um dia eu também preciso partir.

Você ainda não nasceu, mas já invade nosso mundo como se estivesse aqui há séculos e olha pra sua mãe como se já tivesse olhado tantas outras vezes para ela e pede para ser ninada como se nunca tivesse sido abraçada. Olho para vocês: ela, nos seus braços que agora são seu berço. Você, iluminada, como se guardasse deus no colo, com a delicadeza maternal de quem esperou nove meses, e esperaria até uma vida, só para vê-la sorrir, só para vê-la enxergar, só para vê-la se comportar como se já conhecesse as dores e as cores do mundo de cor, antes de nascer. 

Tuesday, October 04, 2011

CONTATOS

Para todos que comentaram e eu não respondi. Para todos que apareceram, leram e não deixaram comentários. Para todos que estão visitando pela primeira vez. Deixo meus contatos, acho que fica mais fácil trocar ideias ou não nos perdermos pela frieza do mundo virtual.

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E-mail: pedrogabrielcontato@gmail.com

Obrigado, até o próximo post.

Friday, September 16, 2011

Ainda que triste, é amor

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Ainda que triste, de todas as manhãs que eu vi nascer, aquela foi a mais doce e a mais delicada. Doce porque os pássaros que ontem rasgavam delicadamente as inocentes nuvens brancas com a doçura bestial de seus bicos, como se procurassem naquele imenso labirinto azul todos os becos que pudessem me levar até você, hoje voam preguiçosos e lentos e sem direção como se tivessem acabado de fechar as asas e desistido de encontrá-la. Delicada porque as nuvens que ontem se assustavam inocentemente com a indelicadeza dos seus invasores insensíveis, hoje desenham figuras incompreensíveis e coloridas, tentando me fazer compreender de todas as cores que você não pertence mais aos céus, que você não pertence mais aos seus, que, agora, você é livremente sua – como aquelas estrelas decadentes que outrora se exibiam na tela escura da eternidade e que, para viverem de um grande amor ou sobreviverem de uma pequena paixão, aceitaram perder o brilho para ganhar vida.
Ainda que triste, de todas as manhãs que eu vi nascer, aquela foi a mais doce e a mais delicada. Doce porque o vento, que ontem soprava como nunca havia soprado e levava para longe tudo o que me mais me aproximava de você, hoje acaricia suas mãos tão delicadas com a doçura que só quem é vento ou quem é você é capaz de entender, como se quisesse te agarrar firme (mesmo sem ter mãos, por ser vento) e deslizar pelos seus pelos, pela sua pele e penetrar nos seus poros e, por um motivo qualquer – talvez amor – invadir os seus segredos mais íntimos, os seus tímpanos mais atentos e soprar em vão ao pé do seu ouvido: eu te amo. Delicada porque o sol que ontem ainda aquecia nossos sonhos e nos deixava cobertos pela quentura irracional da realidade e ao mesmo tempo descobertos de qualquer sintoma de razão, hoje parece não querer despertar em sua plenitude porque ainda bocejava naquele imenso céu azul, agora quase alaranjado. Talvez sentiu medo como aquelas nuvens brancas que desenhavam figuras incompreensíveis e coloridas. Talvez sentiu preguiça como aqueles pássaros insensíveis que fecharam as asas e desistiram de tentar encontrá-la. Talvez o sol também tenha sentido sua falta naquela manhã e lembrou de quando você ainda reluzia bem perto das outras estrelas – aquelas mesmas estrelas que se acovardaram perante o amor e preferiram brilhar sozinhas e distantes como são as paixões.
Ainda que triste, de todas as manhãs que eu vi nascer, aquela foi a mais doce e a mais delicada. Doce porque foi ela quem me fez abrir delicadamente as pálpebras e despertar na escuridão dos seus olhos, grandes e quase negros. Delicada porque foi ela quem me permitiu morrer na doçura dos seus braços infinitos e ainda assim me sentir tão vivo – todas as manhãs.

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Wednesday, July 13, 2011

Brilhante Ausência

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Na penumbra de um amor ainda incompreendido tento entender a sua ausência. Logo você, que já esteve tantas vezes aqui e comeu da minha boca, e bebeu da minha poesia. Hoje parece refletir e brilhar em outros tantos lugares que não aqui. Aqui onde ascendi seu último cigarro - aquele que dá o mesmo prazer que todos os outros cigarros já tragados, mas tem o privilégio de ser o último. Aquele que só se fuma sozinho. Aqui onde deixei você me amar sem medo de não poder retribuir. Aqui onde me fiz seu e desfiz qualquer pretensão de não sê-lo mais. Aqui onde deus até tentou rezar um bocado pedindo à poesia que você permaneça intacta e confusa, como os versos de amor devem ser. Aqui onde aguardo a luz ou você, tanto faz. Aqui onde guardo você ou a luz, dá no mesmo. Tanto ela quanto você dependem de um amor qualquer para brilhar. Tanto você quanto ela precisam de um amor para sair da penumbra e encontrar o que, nem ela e nem você, conseguem encontrar aqui. A luz tem a vantagem de me entender. Você tem a capacidade de me confundir. E não adianta querer me explicar, nunca vou entender a sua ausência.

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Saturday, July 09, 2011

Amor e Dùvida

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Os sonhos, por mais distantes que possam parecer, sempre nos aproximaram de alguma forma. A noite que acabou de amanhecer é testemunha. Te toquei sem te tocar. Te beijei sem te beijar. Ouvi a sua voz sem ouvi-la e até trocamos algumas palavras em silêncio. Mas você estava lá, eu juro. Do mesmo jeito, com a mesma voz, com os mesmos braços, traços, maços... Exatamente igual de quando nos vimos pela primeira e última vez. Ali, naquela noite, te toquei como quem toca o desconhecido, mas conhece as consequências. Eu me arrisquei. Você dormia em meu sonho. Não quero te despertar, mas a realidade é que você desperta em mim as coisas mais improváveis e sinceras: o amor e a dúvida.

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Monday, July 04, 2011

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Escrevo porque preciso dividir com alguém tudo o que explode em mim: amor, saudade, vontade, necessidade e você. Preciso da companhia dos teus olhos para ler a solidão dos meus poemas. Preciso da maestria da tua sensibilidade para interpretar a insegurança dos meus desejos. Preciso da sabedoria da tua fala para entender o trauma por trás do meu silêncio...Enfim, preciso de você. E é por isso que eu escrevo.

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Tuesday, June 28, 2011

Esqueça e Ame

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Você que passou a noite inteira acordada, esperando um amor na fiel companhia de um cigarro pela metade e de um livro envelhecido, ainda guarda uma pequena esperança de ter valido a pena ter mantido as pálpebras entreabertas por tanto tempo, e aguarda, com a delicadeza de sempre, não se sentir traída pelo sonho de que, um dia, ele realmente virá. Entre um trago e outro, a saudade virou cinzas. Entre uma página e outra, a noite passou em branco. Entenda, nem as cinzas, nem as palavras, nem a saudade, muito menos a noite, são frias o suficiente para aquecer e confortar a alma de um corpo apaixonado que só faz esperar um amor que já não ama mais.

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Lida para Sempre

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Quando abro um livro, pode ser um romance qualquer, é você quem me vem à cabeça. E aos olhos. E às mãos. E não importa os personagens, se são reais ou imaginados, e não me importa se a história é fictícia ou vivida, pode ser curta ou infinita, penso em você. Leio a sua vida. E ela passa pelas minhas mãos como uma vida passa pela eternidade. E é lida para sempre.

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Saturday, June 11, 2011

Simplesmente

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Simplesmente preciso de você. De você e das suas mãos que mal conseguem me envolver; e dos seus lábios que nem sempre podem encostar nos meus; e dos seus sonhos que ainda nem sabem se estão dispostos a despertar em nossa possível realidade... Simplesmente preciso de você, minha vida. De você e de algumas pequenas divergências para que esse amor não padeça como aqueles tantos que deixamos morrer sem notar.

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Saturday, June 04, 2011

Último Sonho

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Quero atravessar os seus sonhos com a mesma delicadeza de quem ama pela primeira vez. Quero me aventurar pelo seu corpo e me apossar da sua alma como quem sonha pela última vez. E convidá-la para dançar, e chorar, e sorrir, e viver... E depois de sugar todos os sentimentos que ainda sentiam, e depois de roubar todos os amores que ainda amavam, e depois de sonhar todos os sonhos que ainda dormiam, quero que você tenha a coragem daqueles covardes que nunca amaram por uma noite sequer e sequer sonharam em sonhar um dia e me desperte para a realidade com a mesma delicadeza de quem ama pela primeira vez.

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Wednesday, April 13, 2011

Amor Sem Título

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Escrever pra você é respirar. Se tornou vital. É meu jeito distante de te ter sempre por perto. Mas eu trocaria cada palavra já escrita pela sua presença constante. Não há mais como esconder o que sinto quanto te vejo desfilar pelo meu mundo todas as manhãs. Não há mais como esconder todas as verdades que eu preciso dizer e que eu preciso ouvir dos seus lábios.  A única dor que você me causa é a dor física da saudade. É inevitável. Todos os dias, noites, minutos, você se faz presente. E eu me pego sorrindo, feito bobo. Mas a dor logo segue seu destino de fazer doer e faz questão de me lembrar com todas as letras que você não é minha. Que você não poder ser minha, por enquanto. Que você, um dia quem sabe, será um pouco minha. Acho, aliás, tenho certeza, que será o dia mais feliz da minha vida. Poder contemplar a beleza do seu sorriso todas as manhãs, poder me alimentar da poesia dos teus olhos entupidos de saudade sempre que acariciar seus cabelos sem te perder de vista, poder te olhar dormir todas as noites e acreditar que em algum momento, ou por algum motivo, eu vou estar nesse sonho. Essa seria a realidade que eu gostaria de dividir com você. E é por isso que eu te escrevo. Escrever pra você é respirar. Escrever pra você é inspirar. É preencher o meu mundo com o que a vida me deu de mais bonito: a possibilidade de um dia viver e morrer  nos seus braços.

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Sunday, April 10, 2011

Sem Título

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Contemplar a beleza do seu sorriso todas as manhãs. Me alimentar da poesia dos teus olhos entupidos de saudade.Te olhar dormir todas as noites e acreditar que em algum momento eu vou estar nesse sonho. É por isso que te escrevo todos os dias, sem exceção. Escrever pra você é respirar. Escrever pra você é inspirar. É preencher o meu mundo com o que a vida me deu de mais bonito: a possibilidade de um dia viver e morrer do seu lado.

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Saturday, March 26, 2011

Desesperadamente Amor

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Queria tanto um amor que não me acordasse para dar bom dia, que não me levasse para cama, que não me desse um beijo de despedida, um abraço de chegada. Isso é tão inútil às vezes. Quero aqueles amores sinceros, sabe? Aqueles que deixam o coração um pouco de lado e pulsam delicadamente em algum lugar qualquer tentando convencer os amantes que amar e morrer são dois verbos tão parecidos que se conjugam no tempo e se encontram nas incertezas do nosso dia a dia. Quero aqueles amores confusos que me obrigam a escrever poemas que não entendo, a beber meus versos como se fossem água - mas são veneno, a rimar contra a maré, a berrar a favor de um porto seguro que não me deixa atracar...Quero aqueles amores confusos que tentam desesperadamente dizer que me amam, mas amar é delicado demais para ser dito no desespero. Pelo menos é o que dizem, desesperados, os que nunca amaram.
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Sunday, February 20, 2011

Simplesmente Fascinante (parte II)

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Eu te espero o tempo que for, não se apresse. Vamos viver o tempo que nos foi dado no seu devido tempo. Mas, enquanto esse tempo não chega, saiba que eu penso em você todos os dias – pode ter certeza. Para fazer o tempo passar mais rápido, eu até tentei te esboçar algumas vezes no papel, mas sua beleza é tamanha que qualquer tentativa de obra-prima seria um mero rascunho distante da realidade. E isso, cá entre nós, é fascinante – simplesmente fascinante.  É uma honra estar com você, mesmo não estando junto. Te ver dobrar a esquina e terminar o seu dia longe do meu, dói um pouco, sabia? Te ver chegar pela manhã e saber que não tomamos café juntos, que não dormimos juntos, dói um pouco, sabia? Mas essa dor é confortada pela certeza que em algum momento da nossa eternidade seremos felizes e, principalmente, seremos juntos.  Não importa quando, onde, como, por que... Simplesmente seremos. Enquanto isso vou te preservando na minha poesia, nos meus sonhos, nas nossas conversas intermináveis, nas suas ausências obrigatórias, nos nossos encontros necessários e em qualquer estado de lucidez que me permita pensar. Não há pensar sem que você esteja presente. Pode ter certeza. Acho que a vida nos reserva sempre um pouco de inesperado. E isso, cá entre nós, é fascinante – você é simplesmente fascinante.

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Simplesmente Fascinante (parte I)

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Eu acredito no inesperado. Acho que a vida nos reserva sempre um pouco de inesperado. Nunca sabemos, após abrir os olhos pela manhã, o que nos espera ao longo do dia. E isso, cá entre nós, é fascinante – simplesmente fascinante. Nunca imaginei um dia estar aqui, no mesmo lugar, no mesmo momento, dividindo o mesmo ar, compartilhando ideias tão parecidas. Nunca imaginei acordar e saber que você vai estar me esperando com um sorriso encantador, um olhar discreto e brilhante. Um olhar de quem sente eternamente saudade. Saudade de algo que está acontecendo. Saudade de algo que vai acontecer. E isso, cá entre nós, é fascinante – simplesmente fascinante. Só queria que você soubesse que o que eu não falo claramente não é porque eu não sinto claramente. Se eu não falo é porque não tenho jeito, não sou tão delicado quanto gostaria de ser ou quanto você merece que eu seja. Mas pode ter certeza que eu sinto. É uma delícia te olhar e te ter, mesmo sem dizer nada. Só de estar por perto sei que estamos bem. E isso me basta. E, cá entre nós, é fascinante – simplesmente fascinante. 

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Monday, January 10, 2011

Feitos de Ausências

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Me alimento das suas ausências. E me acostumei a viver assim. Um dia, você não está. Outro, também não. Só não se esqueça de me abraçar, por um segundo sequer, quando a gente se esbarrar num desses sonhos confusos. Promete? Eu sei que você sonha também. Eu sei que você se alimenta das minhas ausências. Eu sei que você se acostumou a viver assim. Um dia, não estou. Outro, também não.

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