Tuesday, July 24, 2007

Número divino

Um, deus, três,
é tão bom sempre poder contar com Dois.

Saturday, July 21, 2007

Amorfa

Ao tentar transformar tudo o que ela tinha em agonia já se via, desde cedo, que não havia nada de mais nessa menina.Dos cabelos aos pés, nenhum destaque se destacava.Ela cavava com as próprias unhas a trajetória da sua própria vida já definida pelas linhas da palma da sua mão esquerda – aquela que nunca teve uma aliança.Agora é tarde, o que se vê é um jamais visto: o destino de uma menina pré-destinada a não ter destino.

E ela continuava cavando. Cavava cada vez mais fundo e não cansava e cavava mais e mais e mais. Ela queria enterrar seus medos, seus amores, seus temores. No fundo, no fundo, ela prentendia se enterrar – acredito eu.Era claro e evidente que esse pedaço de pele humana há muito não via a luz do dia.Não parecia ter sonhos, não parecia ser viva.Apodrecia como a terra nessa terra suja e fria. Ela me possuía com esse olhar tenro, virgem, inexpressivo, distante - igual a tantos outros olhares que eu nunca havia visto.

Ainda não completamente engolida por ela mesma,deitada, ali, amorfa, ela ainda tentava pôr à mostra o seu maior desafeto ainda desconhecido. Enquanto eu, de longe e de pé , já sabia que ela era o amor em pessoa e que residiam dentro dela todas as formas – mesmo se muitas vezes deformadas - de amar.