Saturday, January 12, 2008

Pertence mil e um [trecho 2]

[...]Eu me enganei. Pela milésima primeira vez, eu me enganei. E não é a primeira milésima vez que eu me engano. Todo mundo se engana no mínimo mil e uma vezes antes de achar que não está mais enganado. Talvez esse seja o maior de todos os enganos: achar que não se está mais enganado. Sempre estamos enganados. Somos enganos que andam que pensam que trepam que amam que brigam. Somos enganos que olham, que ouvem, que cospem, que sonham. Somos enganos que pensam que andam, que amam quando brigam, que olham quando trepam e que cospem nos sonhos. Eu não sou diferente de todo mundo quando o assunto é se enganar. Quando me engano me sinto mais real. Sinto que estou mais distante do meu mundo utópico onde existe uma paz que não existe, onde existe um todo que não se divide, onde possuo uma mulher que nunca tive, onde falo coisas que não ouso, onde escrevo poemas que não terminam, onde não escondo dores que se manifestam[...]

No comments: